26 de fevereiro de 2013

Associação de Sargentos diz que ministro tem que atender à “abrangência” dos protestos

Aguiar-Branco "não pode ficar numa atitude de cegueira ou surdez", disse o presidente da associação, Lima Coelho, depois do jantar de generais de sexta-feira.
Lima Coelho é este sábado reconduzido como presidente da ANS para um mandato de dois anos. Ricardo Jorge Carvalho
O presidente da Associação Nacional de Sargentos, Lima Coelho, afirma ter “a mais firme convicção” de que o ministro da Defesa, Aguiar-Branco, será capaz de “atender à abrangência” dos protestos dos militares.

“Tenho a mais firme convicção de que se o senhor ministro não for capaz de atender à abrangência destes protestos e à diversidade de autoridades que estão a alertar para isto, então, muito preocupante será essa posição”, disse à Lusa Lima Coelho este sábado, referindo-se ao jantar de generais que decorreu na sexta-feira.
“O senhor ministro não pode ficar numa atitude de cegueira ou de surdez, perante tantos e tão fortes sinais”, sublinhou.
O presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS) viu com “grande relevância e importância” que os generais “tenham abordado essa mesma preocupação” que os sargentos, “o que denota que não é coisa de somenos, nem é uma preocupação menor”.
Lima Coelho será reconduzido como presidente da ANS para um mandato de dois anos nos novos órgãos sociais da associação que tomam posse este sábado.
O general Loureiro dos Santos manifestou na sexta-feira, em representação de oficiais-generais e superiores, na reserva e na reforma, dos três ramos militares, “profunda preocupação” com o futuro das Forças Armadas, dizendo temer a sua “desarticulação”.
Na sexta-feira, numa nota escrita que leu à imprensa, o antigo chefe do Estado-Maior do Exército e antigo ministro da Defesa, advertiu para o risco de tornar as Forças Armadas “incapazes de satisfazer as necessidades de defesa do país” e também para a “descaracterização da condição militar”.
“Oficiais-generais e oficiais superiores da Marinha, do Exército e da Força Aérea retirados do serviço activo, entre os quais vários ex-chefes do Estado-Maior, reunidos em Lisboa e no Porto, mostraram-se profundamente preocupados com o futuro próximo das Forças Armadas Portugueses, temendo a sua desarticulação, acompanhada da descaracterização da condição militar”, afirmou.
Loureiro dos Santos sublinhou no entanto que, “pelo sentido patriótico e de atenta responsabilidade”, os militares “reafirmam a sua inteira disponibilidade para continuar a servir Portugal dentro das suas possibilidades e limitações, independentemente da direcção política que resulte do regular funcionamento das instituições democráticas”.
Os dois jantares de generais que se realizaram na sexta-feira começaram a ser organizados depois de terem sido conhecidos vários documentos do Governo propondo alterações profundas na instituição militar e de o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, ter confirmado algumas delas.
Na semana passada, em entrevistas à TVI e RTP, Aguiar-Branco confirmou um corte superior a 200 milhões de euros nas Forças Armadas a partir de 2014 e um eventual corte de 40 milhões ainda este ano. O governante apontou ainda a intenção de reduzir o número de efectivos de 38 mil para 30 mil até 2020.

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