Associação de Sargentos diz que ministro tem que atender à “abrangência” dos protestos
Aguiar-Branco "não pode ficar numa atitude de cegueira ou surdez",
disse o presidente da associação, Lima Coelho, depois do jantar de
generais de sexta-feira.
O presidente da Associação Nacional de Sargentos,
Lima Coelho, afirma ter “a mais firme convicção” de que o ministro da
Defesa, Aguiar-Branco, será capaz de “atender à abrangência” dos
protestos dos militares.
“Tenho
a mais firme convicção de que se o senhor ministro não for capaz de
atender à abrangência destes protestos e à diversidade de autoridades
que estão a alertar para isto, então, muito preocupante será essa
posição”, disse à Lusa Lima Coelho este sábado, referindo-se ao jantar
de generais que decorreu na sexta-feira.
“O senhor ministro não pode ficar numa atitude de cegueira ou de surdez, perante tantos e tão fortes sinais”, sublinhou.
O
presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS) viu com “grande
relevância e importância” que os generais “tenham abordado essa mesma
preocupação” que os sargentos, “o que denota que não é coisa de somenos,
nem é uma preocupação menor”.
Lima Coelho será reconduzido como
presidente da ANS para um mandato de dois anos nos novos órgãos sociais
da associação que tomam posse este sábado.
O general Loureiro dos
Santos manifestou na sexta-feira, em representação de oficiais-generais e
superiores, na reserva e na reforma, dos três ramos militares,
“profunda preocupação” com o futuro das Forças Armadas, dizendo temer a
sua “desarticulação”.
Na sexta-feira, numa nota escrita que leu à
imprensa, o antigo chefe do Estado-Maior do Exército e antigo ministro
da Defesa, advertiu para o risco de tornar as Forças Armadas “incapazes
de satisfazer as necessidades de defesa do país” e também para a
“descaracterização da condição militar”.
“Oficiais-generais e
oficiais superiores da Marinha, do Exército e da Força Aérea retirados
do serviço activo, entre os quais vários ex-chefes do Estado-Maior,
reunidos em Lisboa e no Porto, mostraram-se profundamente preocupados
com o futuro próximo das Forças Armadas Portugueses, temendo a sua
desarticulação, acompanhada da descaracterização da condição militar”,
afirmou.
Loureiro dos Santos sublinhou no entanto que, “pelo
sentido patriótico e de atenta responsabilidade”, os militares
“reafirmam a sua inteira disponibilidade para continuar a servir
Portugal dentro das suas possibilidades e limitações, independentemente
da direcção política que resulte do regular funcionamento das
instituições democráticas”.
Os dois jantares de generais que se
realizaram na sexta-feira começaram a ser organizados depois de terem
sido conhecidos vários documentos do Governo propondo alterações
profundas na instituição militar e de o ministro da Defesa, José Pedro
Aguiar-Branco, ter confirmado algumas delas.
Na semana passada, em
entrevistas à TVI e RTP, Aguiar-Branco confirmou um corte superior a
200 milhões de euros nas Forças Armadas a partir de 2014 e um eventual
corte de 40 milhões ainda este ano. O governante apontou ainda a
intenção de reduzir o número de efectivos de 38 mil para 30 mil até
2020.
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