10 de março de 2013

'A filha do Papa'


Livro 'A filha do Papa' revela "como funciona Banco do Vaticano"
O escritor Luís Miguel Rocha afirma que o novo romance, ‘A filha do Papa’, a publicar na segunda-feira, permite “perceber como funciona o Banco do Vaticano” e também “os passos do exigente critério da canonização”.
“Neste livro consegue-se perceber como funciona o Banco do Vaticano: há gestores de contas que só eles conhecem os titulares que têm pseudónimos. Soube-se, por exemplo, há pouco tempo, que havia um pseudónimo que era “Roma” o qual correspondia a Giulio Andreotti”, político democrata-cristão que ocupou o cargo de primeiro-ministro da Itália, e é desde 1991 senador vitalício da República.
Segundo o autor, soube-se deste facto “porque o gestor, o arcebispo Donato De Bonis - também referenciado no romance -, o deixou escrito no seu testamento".
No documento "ele afirmou que os fundos de milhões da conta titulada como ‘Roma’ eram para ser entregues a Andreotti”, disse Luís Miguel Rocha à Lusa, tendo acrescentado que “este arcebispo geriu durante anos os milhares de milhões do Banco Vaticano”.
O banco foi uma ideia de Madre Pasqualina Lehnert, uma freira alemã que teve um “caso de amor” com Pio XII, Papa sobre o qual corre um projecto de canonização e que também é referenciado neste livro editado pela Porto Editora.
‘A filha do Papa’ que titula o romance é ‘Anna’, uma das personagens da narrativa, fruto da relação entre Pasqualina e o eclesiástico italiano.
“Conheceram-se em 1917, na Suíça, quando este era núncio apostólico em Munique e posteriormente, exerceu o mesmo cargo em Berlim”, contou o escritor.

“Ela foi sua confidente, muitas vezes ele chamou-a à nunciatura e até lhe contou o que não devia, como os passos do Tratado de Latrão [que decidiu a relações entre a Santa Sé e a Itália]”, disse o escritor tendo sublinhado em seguida: “Pasqualina foi confidente, governante, amiga e amante" de Pio XII.
Madre Pasqualina foi “uma das mulheres mais poderosas do Vaticano, que durou todo o papado de Pio XII (1939-1958), e sobre quem é difícil investigar”, disse Rocha que não escondeu o fascínio sobre a freira transformada em personagem no seu novo livro.
“Pasqualina foi a única mulher a participar, como testemunha e serviçal, num conclave”, realçou o escritor, acrescentando que "foi o braço direito de Pio XII, um Papa que não teve nem secretário de Estado, nem camerlengo".
“O IOR [Instituto de Operações Religiosas], o banco do Vaticano, criado em 1942, foi uma ideia dela, mas não como ele é hoje usado”, realçou.

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